quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Folha aplaude destruição de Temer e Macri

Por Altamiro Borges

As economias do Brasil e da Argentina estão definhando, mas o maior diário em circulação no país, a Folha, segue bajulando os neoliberais Michel Temer e Mauricio Macri. No caso do primeiro, talvez o aumento das verbas publicitárias explique tamanho chapa-branquismo. Já no caso da nação vizinha, a motivação é puramente ideológica. Nesta quarta-feira (4), o jornal publicou um editorial elogiando “as escolhas acertadas” do presidente argentino. Dois dias antes, também em editorial bajulador, ele destacou os “avanços” implementados pelo covil golpista no Brasil. O jornal da famiglia Frias – que apoiou o golpe de 1964 e tratou a sanguinária ditadura de “ditabranda” – não toma jeito!

No que se refere ao país vizinho, a Folha até trata das “agruras” na economia. “A Argentina encerrou 2016 com desempenho decepcionante dadas as expectativas criadas pela eleição de Mauricio Macri. Estima-se que o PIB tenha encolhido em torno de 2%, na terceira queda anual desde 2012. E, a despeito da marcha à ré na economia, a inflação avançou da vizinhança dos 30% para a dos 40%. O desconforto da Casa Rosada tornou-se explícito com a demissão do ministro da Fazenda, Alfonso Prat-Gay, no dia seguinte ao Natal e após meses de luta inglória contra o deficit orçamentário”. Mas, apesar do desastre neoliberal, o jornal garante que a Argentina está no caminho certo!

“Vitorioso nas urnas em 2015, o presidente Macri pôs fim a uma era de políticas populistas conduzidas por Néstor e Cristina Kirchner, que incluíam controles artificiais do câmbio e manipulação dos índices oficiais de preços”. Fazendo um paralelo entre as economias do Brasil e da Argentina, agora sob comando de governos que endeusam o “deus-mercado”, o jornal decreta: “Lá como aqui, as escolhas foram acertadas e os avanços não são desprezíveis – ainda que se arque com o custo previsível do desgaste político e que certos recuos e concessões sejam inevitáveis. Postergar as reformas muito provavelmente implicaria sacrifícios ainda maiores no futuro”.

Os "êxitos" do usurpador

Já na segunda-feira (2), no editorial intitulado “Reformas sem parar”, a Folha explicitou que dá total apoio às medidas destrutivas do Judas Michel Temer. “Em qualquer momento da história contemporânea do Brasil, um presidente que conseguisse aprovar leis que limitassem o aumento da despesa do governo federal seria autor de um feito notável. Fazê-lo durante uma das maiores crises econômicas, sob rejeição maciça, seria ainda mais impressionante. Michel Temer (PMDB) está a meio caminho de ter êxito na empreitada, que depende de uma dura reforma da Previdência, sem o que o teto de gastos se torna inviável ou disfuncional”. Quanto será que custou tamanha babação?

O editorial ainda vai mais fundo no seu puxa-saquismo. “Temer, porém, pretende ir além. Quanto mais abaladas suas bases políticas, mais reformas propõe. Decidido a reforçar seus laços com os setores sociais restantes que o apoiam, o peemedebista redobra suas apostas de reformas econômicas. É um comportamento inverso ao do padrão dos governos, que em momentos de dificuldades em geral revertem em populismo. O presidente anunciou no final do ano a mudança nas leis do trabalho. Trata-se de alterações no âmago das relações sociais: as que definem rendimentos, distribuição de renda, poupança nacional e interações entre gerações”.

Diante da sanha destrutiva – que visa “reforçar os laços com os setores” que orquestraram e financiaram o “golpe dos corruptos” – o próprio jornal da famiglia Frias faz uma advertência ao “compadre” que controla as milionárias verbas de publicidade. “Temer sofre de grande desprestígio popular; quase dois terços dos cidadãos gostariam de eleger já outro mandatário. A atividade econômica continuará a regredir até meados de 2017... A história de generais que abriram excessivas frentes de combate não costuma terminar bem. Não há como prejulgar o sucesso da estratégia nem como negar seu mérito, em tese. A princípio, no entanto, o ímpeto parece imprudente”.

É quase um conselho entre amigos mafiosos: Tudo bem! Aplique o receituário neoliberal de desmonte do Estado, da nação e do trabalho. Mas vá com calma. Não seja tão afoito, tão imprudente em seu ímpeto. Do contrário, você pode cair e, junto com você, todos os que têm o rabo preso com este projeto destrutivo. Inclusive a Folha!

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Em tempo: Sobre o definhamento da economia brasileira, mais um dado alarmante. A consultoria de crédito Serasa Experian divulgou nesta terça-feira (3) que os pedidos de recuperação judicial de empresas deram um salto de 44,8% em 2016 sobre o ano anterior, para 1.863 casos, recorde da série iniciada em 2006. Segundo a instituição, o agravamento da crise econômica prejudicou a geração de caixa das empresas, que também enfrentaram crédito mais caro e escasso. “Assim, houve deterioração da saúde financeira das empresas, ocasionando patamar recorde dos pedidos de recuperações judiciais”. As micro e pequenas empresas lideraram os pedidos de recuperação judicial, com 1.134 casos, seguidas pelas médias (470) e grandes (259). Ainda de acordo com a Serasa, o ano passado também teve alta de 3,9% nos pedidos de falência sobre 2015, para 1.852 casos, o maior número em quatro anos. E a Folha ainda aplaude os “avanços” do covil golpista!

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