quinta-feira, 16 de março de 2017

Algumas impressões sobre o 15 de Março

Por Gilberto Maringoni, na revista Caros Amigos:

1. Tudo indica que o dia de protestos superou as expectativas dos mais otimistas. Aconteceram em todo o país, desde capitais até cidades médias e pequenas. O sucesso não deve ser medido apenas pelo número de pessoas - ainda não calculado, mas que bem pode, no total, chegar a um milhão - mas por ter entrado para a agenda nacional.

2. Um tema entra para a agenda nacional quando torna-se assunto de conversas, da mídia e sobre o qual a maioria das pessoas emite opinião. O fato de a maior parte das paralisações ter encontrado eco e simpatia até mesmo entre os não diretamente envolvidos nelas é um poderoso sinal de que a questão da Previdência não é abstrata.

Povo nas ruas apressa o fim do golpe

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Pronto. Apareceu o que faltava para apressar o fim do golpe: o povo nas ruas.

O governo Temer não tem a menor condição de enfrentar as ruas.

A mensagem delas é clara: primeiro, não às reformas, feitas para beneficiar os ricos à custa dos pobres. (Parece uma simplificação, mas é assim mesmo).

Depois, e sobretudo, não ao regime que se instalou com o golpe.

O truque do Janot para inviabilizar Lula

Por Jeferson Miola

O que poderia ser celebrado como sinal de normalidade institucional – os pedidos do Rodrigo Janot ao STF para abrir inquéritos das delações da Odebrecht – na realidade é apenas um truque do procurador-geral para [i] proteger o bloco golpista, em especial o PSDB; mas, sobretudo, para [ii] viabilizar a condenação rápida do Lula e, desse modo, impedir a candidatura do ex-presidente em 2018, isso se a eleição não for cancelada pelos golpistas.

Janot seguiu fielmente Maquiavel: “aos amigos, os favores; aos inimigos, a lei”. Os golpistas, cujos indícios de crimes são contundentes, com provas de contas no exterior, jantares no Palácio Jaburu, códigos secretos para recebimento de dinheiro da corrupção e “mulas” para carregar propinas, serão embalados no berço afável do STF.

Rodrigo Maia e a ousadia dos canalhas

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A Folha noticia que Rodrigo Maia quer dispensar a votação em plenário e aprovar a reforma trabalhista apenas na comissão da Câmara, onde os líderes partidários controlam a composição do plenário de 37 deputados, apenas.

É o que diz na Folha, quando fala que "regimentalmente não poderia revogar a tramitação 'enxuta' do projeto, porque os técnicos dizem que “o pacote de reforma trabalhista não se encaixa no rol dos que necessitam de votação no plenário”.

Temer é a nossa Maria Antonieta

Por Renato Rovai, em seu blog:

O presidente Michel Temer não parece ser apenas um político menor e sem qualquer condição de conduzir um país com a importância do Brasil. Também não parece ser apenas mais um desses golpistas sem caráter. A cada dia que passa ele se parece muito mais a um sociopata, cidadão ao qual falta qualquer senso de responsabilidade moral ou consciência do que se passa.

Num dia em que o país inteiro se mobiliza para dizer não as suas propostas de reformas trabalhista e previdenciária. E ao mesmo tempo para gritar Fora Temer, ele faz um pronunciamento a empresários onde diz que “a sociedade brasileira tem compreendido a necessidade de apoiar as reformas”.

Grande mídia esconde protestos contra Temer

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Incrível.

Acabo de entrar nas páginas de Globo, Estadão e Folha. Não há NENHUMA referência às grandes manifestações contra Michel Temer e sua reforma da previdência, que ocorreram em todo país, nesta quarta-feira, 15 de março.

A única pauta é Lava Jato.

O que não falta, porém, são anúncios do governo federal… Em todos os jornalões, topei com a publicidade, em formato pop-up, do BNDES.



O povo nas ruas e o jantar do poder

Uberlândia/MG, 15/3/17. Foto: Jornalistas Livres
Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

15 de março de 2017: a quarta-feira começou com protestos contra o governo, que atravessaram o dia todo nas ruas de 19 Estados, e terminou com um jantar oferecido por Gilmar Mendes à cúpula do poder, em Brasília.

Se daqui a um século os historiadores do futuro quiserem contar como era a nossa época poderão utilizar estas duas cenas para fazer um resumo da ópera.

* Por todo o país, desde cedo, centenas de milhares de pessoas fazem manifestações contra as propostas das reformas previdenciária e trabalhista aos gritos de "Fora Temer!".

* Em Brasília, o superministro Gilmar Mendes recebe o presidente Michel Temer e outras altas autoridades para um jantar de gala em homenagem ao aniversariante José Serra.

Emoção e história no livro de Miruna

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Num país onde golpes de Estado se produzem com frequência lamentável e nociva, a resistência democrática já deixou de ser um movimento exclusivo de organizações políticas e lideranças sociais para integrar a vida cotidiana de muitas famílias brasileiras. É o que se observa a partir de duas obras diferentes, escritas com meio século de distância, envolvendo personagens distintos mas que tiveram seu papel relevante no esforço para mudar as engrenagens da História.

Em lançamento nesta semana, a partir do olhar da primogênita Miruna, o livro “Felicidade Fechada” retrata o cotidiano da mulher, Rioko, e dos três filhos de José Genoíno, guerrilheiro do Araguaia que se revelou um dos mais competentes parlamentares brasileiros após a democratização, até que em 2012 teve a vida política estropiada pelas provas fracas e penas fortes da AP 470.

PSDB é a grande novidade da lista de Janot

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A nova lista de denúncias do procurador-geral Rodrigo Janot atinge o coração do governo Temer, os presidentes da Câmara e do Senado e dois presidentes da República, mas esses são os ditos “suspeitos de sempre”, ou seja, petistas que, desde 2014, vem sendo acusados pelo MPF e pelo Judiciário. Mas eles estão longe de ser a novidade.

A delação de funcionários da Odebrecht claro, atinge em cheio o governo Temer; ministros mais próximos do presidente, Eliseu Padilha, Moreira Franco, Aloysio Nunes e Bruno Araújo. Mas, claro, foram colocados dois petistas graúdos pra compensar, Dilma e Lula.

Justiça suspende propaganda de Temer

Por Charles Nisz, no blog Socialista Morena:

A juíza Marciane Bonzanini, da 1ª Vara da Justiça Federal de Porto Alegre, determinou a imediata suspensão da campanha do governo federal sobre a reforma da Previdência por não informar devidamente os brasileiros e sim fazer propaganda do projeto do PMDB. “A campanha publicitária questionada não possui caráter educativo, informativo ou de orientação social, restringindo-se a trazer a visão dos membros do partido político que a propõe e passando a mensagem de que, caso não seja aprovada a reforma proposta, o sistema previdenciário poderá acabar’, criticou a juíza em seu despacho.

Os mais pobres não terão aposentadoria

Por André Machado, no jornal Brasil de Fato:

Toda grande mentira é contada a partir de uma meia verdade. A meia verdade que o governo Temer (PMDB) usa para fazer propaganda da tal "Reforma da Previdência" é que os mais pobres, que ganham até um salário mínimo, cerca de 63% dos brasileiros, serão beneficiados porque contribuirão somente por 25 anos ao INSS para se aposentar.

Será que isso é verdade?

Pela nova regra, de fato, trabalhadores que receberão o piso poderão se aposentar com 25 anos de contribuição. Mas, com um único detalhe, somente se atingirem a idade mínima de 65 anos. Isso muda tudo.

Protestos contra Temer podem "virar o jogo"


Desta vez não havia helicópteros sobrevoando a Avenida Paulista, em São Paulo, diferentemente de movimentos pró-impeachment que contaram com extenso apoio midiático e mesmo logístico por parte de autoridades. Mas isso não impediu que a área fosse tomada por uma multidão, que no final do dia ecoava os protestos realizados durante toda esta quarta-feira (15) pelo país, contra as reformas da Previdência e trabalhista, e em repúdio ao governo Temer. Alheio às manifestações, o presidente chegou a dizer, durante evento em Brasília, que a sociedade, "pouco a pouco, vai entendendo" a necessidade de reformas.

Temer derrete a economia e vice-versa

Por João Sicsú, na revista CartaCapital:

A narrativa, estritamente política, de que os problemas atuais foram causados pelas políticas econômicas dos governos do PT perde eficácia a cada dia que a situação se agrava. O raciocínio do senso comum é simples: não importa quem tenha causado as dificuldades econômicas, o que importa é quem estancará o problema e promoverá a solução. Se nada for feito, o omisso se torna culpado.

A conjuntura recessiva e de desemprego não começou no governo de Michel Temer, é verdade. A economia mudou de rota em 2011. Mas hoje está em situação limite, pois as dificuldades econômicas tem se transformado em problemas sociais. Segundo cálculos do Banco Mundial, o desemprego criará em 2017 entre 2,5 milhões e 3,5 milhões de novos pobres no Brasil.

As ilusões com a Lista de Janot

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Não se iluda com a abrangência da lista de Janot. Espere para analisar melhor o teor das denúncias, para saber se, afinal, o pau que dá em Chico dá também em Francisco.

O mais provável é que, como o Ministério Público Federal (MPF) tornou-se irreversivelmente uma corporação política e partidária, provavelmente a inclusão de alguns caciques aliados na lista visa apenas cumprir o formalismo, da mesma maneira que o STF (Supremo Tribunal Federal) quando endossou os procedimentos do impeachment.

Em alguns momentos, há a necessidade de respingos de formalidade para legitimar os esbirros adotados em todo o processo.

Temer mente sobre reforma da Previdência

Por Étore Medeiros, no site da Agência Pública:

“63% dos trabalhadores brasileiros terão aposentadoria integral porque ganham salário mínimo, lamento dizê-lo. Quem pode insurgir-se é um grupo de 27%, 37%. A reforma pode merecer ajustamento, e quem vai discutir isso é o Congresso Nacional, mas quem reclama é quem na verdade ganha mais. Quem está acima desses tetos, quem tem aposentadoria precoce.” – Michel Temer, presidente da República, em discurso durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em 7 de março.

O presidente Michel Temer discursava sobre a reforma da Previdência, durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no dia 7 de março, quando disse que as alterações propostas para a aposentadoria dos brasileiros não vão prejudicar os trabalhadores de baixa renda. Como exemplo, apontou que “63% dos trabalhadores terão aposentadoria integral porque ganham salário mínimo”. Também disse que apenas quem ganha acima desse valor reclama das mudanças propostas por seu governo.

quarta-feira, 15 de março de 2017

O discurso de Lula na Avenida Paulista


Do site Lula:

Diante de mais de 150 mil pessoas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do ato contra a reforma da previdência do governo de Michel Temer. Ao lado de lideranças dos movimentos sociais e sindical, discursou para a multidão e criticou a falta de sensibilidade dos donos do poder: "Eu queria que o Meireles e o Temer ouvissem o recado de vocês. Ao invés de fazer uma reforma para tirar dinheiro, façam a economia voltar a crescer”.

Na opinião do ex-presidente, o atual governo empurrou "goela abaixo do povo brasileiro uma reforma que vai impedir a aposentadoria de milhões”. O projeto, continuou Lula, deixa "cada vez mais claro que o golpe dado neste país não foi apenas contra a Dilma e os partidos de esquerda, foi para colocar um cidadão sem nenhuma legitimidade para acabar com as conquistas sociais do povo”.

Mais de 1 milhão contra reformas de Temer

São Paulo, 15/3/17. Foto: Felipe Giubilei/Mídia Ninja
Do site Vermelho:

De acordo com a Frente Brasil Popular, cerca de 1 milhão de pessoas participaram das manifestações e paralisações em todo o Brasil, nesta quarta (15), contra as reformas da previdência e trabalhista propostas pelo governo de Michel Temer. Só na avenida Paulista, em São Paulo, o ato que encerrou o dia de mobilizações reuniu cerca de 300 mil pessoas.

Do Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde se concentram os manifestantes, não era possível ver onde terminava a ocupação da via. A todo momento os presentes iniciavam coros de "Fora Temer", reivindicando a rejeição total da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, que define a reforma.

Previdência: o rei está ficando nu

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A dinâmica do movimento político é mesmo surpreendente. Já dizia o falecido político mineiro Magalhães Pinto que a política é como as nuvens no céu: você olha em um determinado momento, está de um jeito. Passados alguns minutos, você vai conferir a configuração acima da tua cabeça e está tudo mudado. Se já é difícil entender o fenômeno em si, a tarefa torna-se ainda muito mais complexa ainda quando se tenta fazer algum tipo de previsão.

Depois de ter conseguido aprovar a chamada “PEC do Fim do Mundo” no final do ano passado com relativa facilidade na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, o governo começa agora a enfrentar a realidade da chamada resistência generalizada. Aquela emenda constitucional estabelecia o congelamento das despesas sociais do orçamento por longos 20 anos e foi aceita pela maioria dos parlamentares ainda muito influenciados pelo discurso uníssono do governo e da imprensa em torno da necessidade imperiosa de um ajuste fiscal rigoroso.

O PSDB é a cereja do bolo de Janot

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Que Lula, Dilma e outros petistas estejam na segunda lista de Janot não é ser surpresa para ninguém. Enquanto a Lava Jato esteve circunscrita à República de Curitiba, os petistas foram seus fregueses preferenciais. E os tucanos, os intocáveis. A presença de peemedebistas graúdos também é muito óbvia, seja por terem sido sócios do PT no governo até optarem pela derrubada de Dilma, seja pelas conhecidas práticas do partido que, sem ganhar eleições, nunca saiu do poder federal. A cereja do bolo que o procurador-geral Rodrigo Janot está servindo ao Brasil é representada pelos grão-tucanos nela incluídos - Aécio Neves, José Serra e Aloysio Nunes - e outros menos cotados que ainda vão aparecer. Janot, como Sérgio Moro, já foi benevolente com os tucanos mas agora, além de cuidar da biografia, não havia como fugir da revelação da Odebrecht: na política do Brasil, desde sempre, todos são iguais perante o caixa dois e a corrupção.

Os 83 ladrões do Janot não têm chefe!